Chegamos na casa da minha sogra com casinha, panelas, ração, paninho, brinquedos, ossinhos e a pequena fofura. Achei que ela (a sogra) ia passar mal. Ficou branca. Depois azul. E por fim, engoliu em seco e soltou um discreto "não acredito!". Instalamos tudo na área de serviço, pois o quintal ainda não estava cercado a contento. Ela podia cair na piscina ou passar pela grade.
Fiquei ansiosa, pois fui descobrindo que cães não eram exatamente a paixão da minha sogra. Ela já tinha algumas experiências traumáticas com esses seres, mas aceitou nossa cadela sem reclamar. Tá, reclamou um pouquinho. Mas até pouco diante de tudo que se sucedeu.
Shiva crescia em saltos para mim. De 20 em 20 dias eu chegava em Brasília, e a cada visita, maior ela estava. Às vezes o focinho crescia mais que o resto. Às vezes eram as pernas que tinham espichado.
Arrancou árvores e cavou enoooormes buracos. Arruinou as plantas preferidas de minha sogra. Até as roseiras. Ela desenvolveu uma técnica de cavar e arrancá-las pela raiz. Incrível o que um labrador amarelo entediado é capaz de fazer. Abria as torneiras sozinha nos dias quentes e tomava banhos intermináveis. Ao menor sinal de aproximação, fechava a torneira e fazia cara de desentendida. As contas de água da casa da minha sogra atingiram valores exorbitantes.
Um ano havia se passado. E estávamos nós três e nossa mobília entulhando toda a sala. Já tínhamos nossa casa, mas as obras pareciam não terminar nunca. E a infância da Shiva parecia ter apenas começado. Ela já pesava quase 40 Kg. Seu poder de destruição me parecia infinito. Nada escapava ao seu bocão amarelo. "Foi adestrada pelos bombeiros", meu marido sempre repetia às pessoas que elogiavam sua educação e simpatia ao caminhar pelo bairro. Parecia um anjo sentada à porta do supermercado. Bastava chegarmos em casa e o "anjo" se tornava um furacão. Parecia um diabo da Tasmânia.
2 comentários:
Bella... adorei sua ideia de fazer um blog... e esta uma delicia de ler!!!! Com todas as artes da Shiva e do Guido, creio q vamos nos divertir bastante!!!
Bella, como ela é fofa... Lembrei direitinho de você contando como ela abria as torneiras pra se molhar... hihihi
Você já leu "Marley e eu"? Se ainda não leu, leia... Você vai descobrir que sua Shiva podia se chamar Marley e vice-versa.
Sempre que tiver um tempo (coisa rara pra mim nestes dias) eu venho ler um bocado.
Saudades de você.
Bjão
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