Uma semana mais tarde, cheguei da escola e o clima em casa estava diferente. Nossa auxiliar doméstica estava eufórica. "Venha ver!" - e fomos até o quintal. Lá estava a Cinira, imunda, mais magra, com um pedaço de corda arrebentada amarrado ao pescoço. Abanava o rabo, enquanto bebia uma panela inteira de água. Perguntei como ela havia sido encontrada, e a moça respondeu: "Não sei, fui varrer a calçada e ela estava deitada na frente do portão. Acho que encontrou o caminho de volta sozinha." Tirei a corda de seu pescoço, e fiquei abraçadinha com a Cinira por um bom tempo. Quando minha mãe chegou, demos um banho na fujona, e nesse dia ela dormiu dentro de casa, para observarmos se estava tudo bem. A julgar pelo monte de porcarias que vomitou antes do banho, foi um milagre não ter tido nenhuma complicação. Minha vira-lata amarela estava de volta, sã e salva, depois de uma semana de aventuras! E deste dia em diante, nunca mais ela quis passear na rua. Colocar-lhe uma coleira virou uma tarefa complexa, e ela só permitia se fosse eu a tentar. Mesmo assim, eram muitas tentativas antes de conseguir. De outras vezes em que o portão foi deixado aberto, ela jamais se aproximou, e da rua manteve distância sempre que pôde. Nunca soube onde ela esteve nem quem lhe colocou aquela corda no pescoço. Só sei que ela voltou bem, e isso me deixou muito tranquila e feliz.
PS: este post ficou sem foto do Guido, porque as que tirei estão impublicáveis...
Só dois dias depois consegui fazer a reintegração de posse. Claro que comprei para a Shiva um brinquedo o mais parecido possível com o que ela adorou, e claro que esse não fazia o barulhinho irritante. Ela já estava feliz e encantada novamente com a sua própria borracha babada. A dúvida sobre como o brinquedo alheio foi parar lá em casa continua, mas a julgar pelo que andamos observando, sem que a Shiva notasse, parece que ele foi subtraído de maneira furtiva por debaixo da cerca... espero que ela não me apronte outra dessas, senão vou morrer de vergonha!



