sexta-feira, 25 de abril de 2008

a fuga

Cinira, Horácio e Mug estavam adaptados, felizes, gordinhos, amados. Uma manhã cheguei da natação e dei pela falta da Cinira. Cadê? Nossa auxiliar doméstica da época me explicou que tinha esquecido o portão do quintal, a porta da área de serviço e o portão da rua abertos ao mesmo tempo (!), e que os 3 cachorros tinham fugido. Ela saiu correndo atrás deles, e conseguiu trazer de volta Horácio e Mug, mas a Cinira já tinha sumido...
Apavorada, liguei logo para minha mãe. Fui com os amiguinhos da vizinhança percorrer as ruas mais próximas, procurando a danada. Voltei para casa desolada e sem ela. No dia seguinte, a maratona de cartazes e caminhadas recomeçou. Não tinha completado 3 anos do sumiço da Pupu, e lá estávamos nós de novo naquela agonia.

Uma semana mais tarde, cheguei da escola e o clima em casa estava diferente. Nossa auxiliar doméstica estava eufórica. "Venha ver!" - e fomos até o quintal. Lá estava a Cinira, imunda, mais magra, com um pedaço de corda arrebentada amarrado ao pescoço. Abanava o rabo, enquanto bebia uma panela inteira de água. Perguntei como ela havia sido encontrada, e a moça respondeu: "Não sei, fui varrer a calçada e ela estava deitada na frente do portão. Acho que encontrou o caminho de volta sozinha." Tirei a corda de seu pescoço, e fiquei abraçadinha com a Cinira por um bom tempo. Quando minha mãe chegou, demos um banho na fujona, e nesse dia ela dormiu dentro de casa, para observarmos se estava tudo bem. A julgar pelo monte de porcarias que vomitou antes do banho, foi um milagre não ter tido nenhuma complicação. Minha vira-lata amarela estava de volta, sã e salva, depois de uma semana de aventuras! E deste dia em diante, nunca mais ela quis passear na rua. Colocar-lhe uma coleira virou uma tarefa complexa, e ela só permitia se fosse eu a tentar. Mesmo assim, eram muitas tentativas antes de conseguir. De outras vezes em que o portão foi deixado aberto, ela jamais se aproximou, e da rua manteve distância sempre que pôde. Nunca soube onde ela esteve nem quem lhe colocou aquela corda no pescoço. Só sei que ela voltou bem, e isso me deixou muito tranquila e feliz.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

irritando a Shiva

Esta semana Shiva está irritada. Aliás, irritadíssima. Latindo muito, resmungando, inquieta, impaciente. Entrou no cio. E quando ela entra no cio, o Guido, apesar de castrado, fica louco. Não pára de seguir cada passo seu, vira praticamente uma "mochila". E ela fica visivelmente aborrecida. Ele só dá sossego quando ela dorme. Então, Shiva tem dormido bem mais do que o normal...

PS: este post ficou sem foto do Guido, porque as que tirei estão impublicáveis...

segunda-feira, 7 de abril de 2008

o brinquedo

Num dia como outro qualquer, cheguei do trabalho e fui ficar com os cães no quintal. Mais tarde, como de costume, deixei-os sozinhos, e fui fazer algumas tarefas domésticas. Quando voltei, havia um brinquedo diferente passeando na boca da Shiva. Parecia um halter de ginástica, amarelo, de borracha. Fazia até um barulhinho de assovio quando ela mordia. Nunca um brinquedo fez tanto sucesso!!! Ela estava encantada por ele, nem o petisco que eu e o marido oferecemos a deixou motivada a soltá-lo. Jantou com uma das patas sobre o brinquedo. Como todos os nossos vizinhos também têm cães, imaginamos que por algum excesso de força na hora de brincar, o tal objeto tivesse caído aqui. Mas não sabíamos de qual casa ele poderia ter vindo, e além do mais, estava tarde. Decidimos nos ocupar disso só no dia seguinte. Quando fomos colocar os cães no canil, Shiva levou o brinquedo com ela. Isso não é comum, normalmente ela abandona os objetos antes de entrar. Dormiu com a cabeça sobre ele.
Três dias depois ela permanecia no encantamento. Era um sábado, fui para o quintal curtir as plantinhas e os cães. Shiva continuava apertando o brinquedo, "fiiiii, fiii, fiii", um barulhinho deveras irritante. Logo as crianças vizinhas foram para seu quintal, e, através da cerca, perguntei se elas haviam deixado o brinquedo com a Shiva. Elas reconheceram o objeto, mas contaram que não o entregaram à ela, aliás, completaram que estavam sentindo a falta dele há alguns dias. Notaram seu sumiço porque o cachorro delas adorava o bendito. Eu disse o que sabia: o brinquedo tinha aparecido do nada há três noites na boca da Shiva, e eu imaginei que ele poderia ter passado por sobre a cerca durante alguma brincadeira. Enfim, restava a mim conseguir devolver o objeto ao seu legítimo dono. Após 10 minutos protagonizando uma cena ridícula - eu corria, a Shiva me driblava, e o brinquedo continuava em seu bocão amarelo, coberto de baba - exausta, desisti. Avisei às meninas - que estavam se divertindo muito com a cena, diga-se de passagem - que tão logo ela largasse aquela tranqueira, eu jogaria para o lado de lá.
Só dois dias depois consegui fazer a reintegração de posse. Claro que comprei para a Shiva um brinquedo o mais parecido possível com o que ela adorou, e claro que esse não fazia o barulhinho irritante. Ela já estava feliz e encantada novamente com a sua própria borracha babada. A dúvida sobre como o brinquedo alheio foi parar lá em casa continua, mas a julgar pelo que andamos observando, sem que a Shiva notasse, parece que ele foi subtraído de maneira furtiva por debaixo da cerca... espero que ela não me apronte outra dessas, senão vou morrer de vergonha!